Notícias do Dia – Florianópolis, 23/01/2019 – Grupo RIC.
No Senado Federal o passado não passa. Embora tenha sofrido uma renovação de mais de 80% das cadeiras nas últimas eleições, a maior da história, com somente oito senadores reeleitos de 54 que concorreram, podemos até dizer que o novo predomina, mas temos que reconhecer que é o velho que ainda domina. Especialmente se continuar em vigor o traje viscoso do regimento interno, costurado por gaviões para vestir passarinhos.
A história costuma trabalhar com a mesma velocidade da tartaruga quando seu curso mostra que faltam autoridades morais que a impulsionem. Mas a eleição entre nós costuma significar que os eleitos passam a ter o direito de agir da mesma maneira que ditam as regras e os costumes dos que não saíram. E que os governos, quaisquer que sejam, ficam sempre num beco sem saída diante do parlamento.
O governo Bolsonaro é formado por diferentes grupos ideológicos e corporativos ativos – os liberais da economia e seus sonhos; os antiglobalização da política externa e seu voluntarismo; os militares
e seu pé no chão; os caçadores de infiéis das diversas vocações religiosas; os entusiastas de uma justiça lava-jato e seus alvos conhecidos. Tão dividido na largada que ainda não é um modelo de governabilidade, especialmente pela falta de rosto parlamentar consistente.
Falta, parece, uma autocompreensão por parte dos novatos, embora muitos não sejam amadores, do que seja a força de um veterano em estruturas
seculares como são os parlamentos. Agravado, em outubro passado, pelo confuso presidencialismo multipartidário que saiu das urnas fica muito fácil sabotar o discurso da campanha e prejudicar o governo achando que o está ajudando. Basta querer mudar tudo de maneira exagerada sem saber moldar o temperamento e ficar atento às artimanhas do regimento.
Se o governo pretende paz no parlamento, peça conselho a todos, mas nem sempre os siga. E libere a energia da eleição, deixe a água rolar nas duas Casas. Certo que o voto secreto é sempre um convite à traição, mas também
tem mais cara de liberdade. Governar com os livres é melhor, pois o poder de um presidente para um parlamentar não é bem ele como pessoa, mas todos sabem que é através dele que se manifesta o poder que influencia o mandato de todos.
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