WikiLeaks: o segredo de graça, a graça do segredo
Temos instituído, ainda que veladamente, que cobrar por informações produzidas pelo Estado produz menos crise do que oferecê-las de graça. Mas pode o país que institucionalizou o lobby, assinou o Freedom of Information Act – a lei que garante o acesso a documentos governamentais para qualquer um, independentemente, inclusive, de nacionalidade – e carrega sobre o andor de sua 1ª Emenda imensa parte de seu orgulho civilizatório, considerar crime a oferta pública e indiscriminada de opiniões do Estado? Não sem constrangimento.
O que fazer diante do açoite que a liberdade deu no monopólio estatal do lobby?
Segredos abertos, diplomacia língua de renda, imprensa desinformada, negócios com pessoas e países com os quais não se deveria fazer negócios, sigilo da autoridade sobre sua opinião a respeito da liberdade de expressão. Justiça maleável tanto em países autoritários quanto em democráticos.
O novo mundo exige uma nova autoridade que seja capaz de dizer em público o que anda dizendo em particular. A graça de uma nova política sem segredos.
O alento é que, aparentemente, muito do que se diz às claras confere com o que se redigi às escuras. Mesmo assim, será que já há preparo para tal arrojo? Todavia, há de vir.