Para Delgado, PT precisa de nome de consenso para a Câmara
Folha de São Paulo
O deputado Paulo Delgado (PT-MG) criticou nesta segunda-feira aqueles que acreditam tirar algum lucro da crise política pela qual passa a Câmara dos Deputados. Delgado também afirmou que não basta pleitear a presidência da Câmara, que deve ficar vaga com a provável renúncia de Severino Cavalcanti (PP-PE). Para ele, é preciso merecê-la.
“Quem pleiteia não merece”, disse o deputado na sede do PT, na capital paulista, quando perguntado se era candidato ao cargo. “Ninguém vai ser candidato por desejar”.
Para ele, se os partidos entenderem que têm que escolher nomes, o PT tem o direito de indicar, mas não tem a prerrogativa de vencer, completou ele, segundo divulgou nesta segunda-feira o site do partido.
“Quando tivemos a prerrogativa, perdemos. Temos que ter a sabedoria de recuperar a prerrogativa, indicar um nome que os outros partidos possam opinar, em comum acordo com os partidos da base do governo, sem desconhecer o direito da oposição”, disse.
Ainda de acordo com o site petista, Delgado também afirmou que os sinais de enfraquecimento da autoridade de Severino são “graves e flagrantes”. Ele pondera que a decisão sobre a possibilidade de renúncia ao cargo é dele, embora a Câmara não deva ficar paralisada por isso.
“O ideal seria que ele se defendesse como deputado, renunciando ao cargo. Não pode haver nenhuma dúvida sobre a integridade da autoridade do presidente de um poder”, avaliou, considerando que são muito fortes as evidências de quebra de decoro durante sua gestão na secretaria da Câmara. “Espero que o Severino não agrave a situação”.
Delgado apela para que todos tenham “sabedoria e tranqüilidade” diante da crise. “Ninguém deve imaginar que pode ter sucesso político ou administrativo numa crise dessa. Esta é a pior crise da Câmara dos Deputados desde sua fundação”, alertou.
Unidade eleitoral
Sobre a eleição interna do PT, Delgado considerou um “bom sinal” o comparecimento dos filiados, demonstrando que o partido “está vivo e quer se recuperar”.
O deputado mineiro se mostrou preocupado com declarações de petistas que ameaçam se desfiliar em caso de derrota. “Espero que, tendo segundo turno, possamos ter unidade e não acerto de contas com o campo majoritário”.
Delgado ainda ressaltou que o campo majoritário, tendência que comanda o Diretório Nacional, também tem uma “crítica severa” sobre o que aconteceu no partido. “Todos os dirigentes do partido têm responsabilidade sobre isso. Somos um partido de tendências, esta é nossa natureza. Não acho que alguém possa fazer a crítica e se retirar da crítica”.