Delgado: PT precisa de nome de consenso para presidência da Câmara
Cezar Xavier, do Portal do PT
O deputado federal Paulo Delgado (PT-MG) criticou aqueles que acreditam tirar algum lucro da crise política pela qual passa a Câmara dos Deputados.
Durante entrevista na sede do PT em São Paulo, onde está para a reunião da Executiva Nacional, Delagado afirmou que não basta pleitear a presidência da Câmara – que deve ficar vaga com a provável renúncia de Severino Cavalcanti (PP-PE). Para ele, é preciso merecê-la.
“Quem pleiteia não merece”, disse o deputado, quando perguntado se era candidato ao cargo. “Ninguém vai ser candidato por desejar”. Para ele, se os partidos entenderem que têm que escolher nomes, o PT tem o direito de indicar, mas não tem a prerrogativa de vencer.
“Quando tivemos a prerrogativa, perdemos. Temos que ter a sabedoria de recuperar a prerrogativa, indicar um nome que os outros partidos possam opinar, em comum acordo com os partidos da base do governo, sem desconhecer o direito da oposição”, receitou.
Delgado afirmou que os sinais de enfraquecimento da autoridade de Severino são “graves e flagrantes”. Ele pondera que a decisão sobre a possibilidade de renúncia ao cargo é dele, embora a Câmara não deva ficar paralisada por isso.
“O ideal seria que ele se defendesse como deputado, renunciando ao cargo. Não pode haver nenhuma dúvida sobre a integridade da autoridade do presidente de um poder”, avaliou, considerando que são muito fortes as evidências de quebra de decoro durante sua gestão na secretaria da Câmara. “Espero que o Severino não agrave a situação”.
Delgado apela para que todos tenham “sabedoria e tranqüilidade” diante da crise. “Ninguém deve imaginar que pode ter sucesso político ou administrativo numa crise dessa. Esta é a pior crise da Câmara dos Deputados desde sua fundação”, alertou.
Unidade eleitoral
Sobre a eleição interna do PT, Delgado considerou um “bom sinal” o comparecimento dos filiados, demonstrando que o partido “está vivo e quer se recuperar”.
O deputado mineiro se mostrou preocupado com declarações de petistas que ameaçam se desfiliar em caso de derrota. “Espero que, tendo 2º turno, possamos ter unidade e não acerto de contas com o campo majoritário”, advertiu.
Ele ressaltou que o Campo Majoritário, tendência que comanda o Diretório Nacional, também tem uma “crítica severa” sobre o que aconteceu no partido.
“Todos os dirigentes do partido têm responsabilidade sobre isso. Somos um partido de tendências, esta é nossa natureza. Não acho que alguém possa fazer a crítica e se retirar da crítica”, falou.