Crise política faz o fórum de Reis Velloso mudar de lugar e de tema
A reforma das instituições no lugar das discussões de assuntos econômicos
O Globo
A crise política mudou o tema e o cenário de um dos mais tradicionais debates sobre a economia brasileira. O Fórum Nacional, que acontece anualmente no Rio, em vez de tratar de assuntos voltados para o desenvolvimento econômico do país, vai travar um debate sobre o futuro político do Brasil. Intitulado “A reforma das instituições do Estado brasileiro — Executivo, Legislativo e Judiciário”, o fórum especial vai durar apenas um dia, normalmente são dois, e acontecerá amanha, no auditório da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília, a partir das 9h30m.
O debate vai começar pelo lado político-institucional, passar à área econômica e terminar na questão social.
O primeiro bloco de discussão será destinado às questões políticas. Na pauta, a transparência do estado, o relacionamento entre os poderes, a reforma política, do Judiciário e do Ministério Público, a reestruturação administrativa e a ausência do estado nas favelas e periferias urbanas. Ainda de manhã, um tema econômico: a reforma fiscal.
O presidente do BNDES, Guido Mantega, está sendo esperado para abrir os trabalhos, seguido do presidente do Congresso, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim, e do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.
Palocci falará sobre as prioridades econômicas
Abordando as prioridades econômicas e o novo regime fiscal, o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, dará prosseguimento às discussões. O cientista político e professor da UFMG Fábio Wanderley Reis volta ao tema político ao apresentar trabalho sobre como anda a democracia brasileira. O deputado Paulo Delgado (PT-MG) falará sobre a crise que abate o Partido dos Trabalhadores.
A paralisação da pauta do Congresso, ocupado com as CPIs, será o pano de fundo para o debate sobre o ajuste fiscal e as reformas, inclusive a política. Esta última, classificada pelo Fórum Nacional, como a mãe das reformas, vai discutir o papel das lideranças, o fortalecimento dos partidos, o sistema de votação e o financiamento público de campanhas.
A reforma do Estado e o novo regime fiscal entra em cena na segunda etapa do Fórum. Na abertura, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), debate o atual momento político, seguido pelo pronunciamento do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.
O regime fiscal, política monetária e crescimento será o tema abordado pelo deputado Delfim Netto (PP-SP). A reforma do estado para o desenvolvimento, estudo do ex-ministro Luiz Carlos Bresser Pereira e da economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Regina Pacheco será encaminhado para o debate, assim como o trabalho do economista Raul Velloso. Especialista em finanças públicas, ele falará de como a reforma fiscal pode evitar a vulnerabilidade externa do Brasil.