ELEIÇÕES – Candidato somente depois de consulta
Estado de Minas – Belo Horizonte – Bertha Maakaroun
Encontro estadual do PT decide ouvir movimentos sociais e militantes para escolher quem concorrerá a governador
Depois de aprovar o lançamento de candidatura própria ao governo de Minas e ao Senado Federal, o encontro estadual do PT, encerrado ontem, deliberou a realização de uma consulta popular para a confirmação do nome que encabeçará a chapa de oposição ao Palácio da Liberdade. A consulta ocorrerá em 21 de maio junto a movimentos sociais e simpatizantes de partidos políticos.
A consulta é uma forma de envolver a militância e os caciques do partido na disputa. Por meio dela, os dirigentes petistas querem evitar que, a exemplo do que aconteceu nas eleições estaduais de 2002, o candidato do PT ao governo de Minas não seja “rifado” por setores do partido descrentes na viabilidade eleitoral da chapa. Além disso, a consulta irá prestigiar os partidos coligados. As possibilidades de aliança do PT em Minas estão reduzidas ao PC do B, ao PSB, ao PTN e ao recém-criado PRB, do vice-presidente da República, José Alencar.
Embora o encontro estadual petista não tenha aprovado formalmente a indicação de nomes, o presidente estadual do partido, Nilmário Miranda, é o mais cotado para enfrentar o governador Aécio Neves (PSDB).
Se para a indicação ao governo de Minas poucos candidatos se apresentam, na disputa ao Senado a conversa é diferente. Três pré-candidatos demonstram interesse: os deputados federais Paulo Delgado e Virgílio Guimarães, além de Tilden Santiago, embaixador do Brasil em Cuba. Nas eleições de 2002, Tilden Santiago concorreu ao Senado e perdeu a vaga para Hélio Costa por 268 mil votos.
A tendência Articulação, que tem as maiores expressões em Patrus Ananias e Luiz Dulci, prefere o nome de Paulo Delgado. Para a Articulação, Tilden Santiago seria uma segunda opção importante, como saída de conciliação com as tendências partidárias que apóiam Virgílio Guimarães. Em Minas, a base de sustentação de Virgílio racha o controle do PT com a Articulação.
Entre os participantes do encontro, o discurso foi afinado e evitou demonstrar as dificuldades políticas enfrentadas pela legenda para construir uma coligação forte no estado. O PT vinha se articulando com o PMDB, mas a empreitada de uma chapa única, tentada pelo presidente Lula no limiar do fim do prazo de desincompatibilização, não teve sucesso. Nem o ministro das Comunicações, Hélio Costa, nem o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, quiseram deixar os cargos para enfrentar a disputa no estado.
“A eleição está longe de ser decidida”, afirmou Luiz Dulci, ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República. Segundo ele a estratégia do PT mineiro se ancorará nas realizações do governo federal no estado, o que será demonstrado no horário eleitoral gratuito. O documento final do encontro petista deixa claro que a prioridade do partido em Minas é a reeleição do presidente Lula. Ele considera Minas Gerais, como segundo maior colégio eleitoral do país, “um estado estratégico para o esforço de reeleição do companheiro Lula”.