Grupo suprapartidário toma as rédeas da negociação
JOSÉ NEGREIROS
O Tempo
BRASÍLIA – Desde a publicação pela revista “Veja”, na segunda-feira passada, da denúncia de que o presidente da Câmara recebeu um “mensalinho” em 2003, pago em troca da prorrogação do prazo de exploração de um dos restaurantes da Câmara, um grupo suprapartidário de parlamentares interveio com o objetivo de encontrar uma saída para crise, que passou a ser considerada um problema do Congresso Nacional e, não, o drama de um parlamentar acusado de corrupção.
Fazem parte do grupo, entre outros, o governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, o ex-governador do Rio, Wellington Moreira Franco, e o ex-presidente da Câmara, Michel Temer, pelo PMDB; os deputados José Carlos Aleluia e Roberto Magalhães, do PFL; Paulo Delgado e Sigmaringa Seixas, do PT; e Roberto Freire, do PPS, defensor de rápida mudança de comando e rigorosa administração dos processos de cassação de Roberto Jefferson (RJ), presidente licenciado do PTB, e dos outros 18 deputados envolvidos em denúncias de corrupção pelas comissões dos Correios e do Mensalão.
Conclave virtual
A principal característica do grupo, que funciona informalmente (com diferentes integrantes) desde a época em que Ulysses Guimarães comandava a Câmara, é a experiência política.
É conhecido pelos jornalistas como “Conselho de Cardeais”, capaz de resolver, por meio de conversas e acordos, quebra-cabeças que desafiam mesmo aqueles com meia dúzia de mandatos no currículo.
O “conclave” de agora é parcialmente virtual, pois suas reuniões não ocorrem em lugar determinado e, em geral, são feitas pelo telefone, uma vez que dela participam políticos que permanecem em seus Estados, como Jarbas Vasconcelos e Michel Temer.
Dificilmente os “cardeais” aparecerão numa entrevista formal à imprensa, pois logo enfrentariam resistência corporativa.
Metas
Mas suas duas principais missões estão claras: a primeira é tirar Severino da presidência da Câmara no prazo mais rápido possível. A segunda, montar um novo esquema de funcionamento da mesa diretora, diferente do atual em que uma só pessoa toma as decisões.