Poder em Jogo – entrevista
O Globo, 26/01/2018
Coluna Poder em Jogo
Entrevista com Paulo Delgado – sociólogo e ex-deputado petista – por Lydia Medeiros
“Lula deve ao Brasil um período de silêncio”, diz ex-petista
Qual o futuro do PT, partido que o senhor ajudou a fundar e depois deixou?
– Se pretender assumir o erro de Lula, vai transformar-se em esfolador de eleição. Um contrassenso ao progresso institucional brasileiro e uma energia de milhares jogada fora por um. Se quer ser um partido de esquerda moderno, o PT deve parar de tratar de forma errada o erro. E reconhecer que um período com três ex-presidentes da Câmara processados ou presos, senadores, ministros e governadores envolvidos, a maior empresa do país dilapidada, a autoridade olímpica presa, o bilionário do período encarcerado, a Copa sob suspeita, o BNDES um clube de amigos etc., não foi virtuoso.
Dizem que em política não existe morte. Que futuro vê para Lula?
– Lula deve ao Brasil um período de silêncio. Esgotou sua técnica de autoinvenção pela sedução ou mutilação do outro. Esbarrou em juízes que fazem perguntas prosaicas e não soube respondê-las.
Lula deixa herdeiros?
– Lula é o herdeiro que dilapidou a herança petista. Em todo canto, nos anos 1980 e 90, havia um petista maior que ele. A publicidade da campanha de 2002 pôs fumaça na sua cabeça. E, tristemente, deu o que tinha que dar. O PT não pode ser chamado para proteger a elite política, que tem em Lula seu personagem mais protegido.
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