O que faz a diferença é, ainda, a questão primordial do mundo moderno: liberdade e estado de direito. A passagem do ano deixou claros sinais de que o mundo da liberdade, progresso e valores individuais está sempre ameaçado.
O que faz a diferença é, ainda, a questão primordial do mundo moderno: liberdade e estado de direito. A passagem do ano deixou claros sinais de que o mundo da liberdade, progresso e valores individuais está sempre ameaçado. Pela tirania, fanatismo, manipulação da opinião pública. Mas também pela ilusão de que todas as diferenças produzem direitos, que o intolerável deve ser tolerado.
Paquistão, Quênia e Colômbia – errou quem previu que o grande mal do séc.XXI seria o fundamentalismo islâmico e o terrorismo. É também, mas não há monopólio do mal no mundo. Há o mal e suas diferentes gradações. O mau encontro é o de sempre: quem entra na cova do leão do fanatismo e seus diversos clãs e líderes, não volta ou permanece o mesmo. Agravado pela má diplomacia em curso. Impenetrável à razão, põe no ostracismo paises e continentes inteiros, manipula causas humanitárias, silencia diante da commonwealth americana do sul da Ásia, admira a má consciência européia, teme por o dedo nas escandalosas feridas dos quatro continentes.
O fanático tem muito pouca aptidão para deixar de sê-lo. É ardiloso. Fez da tolerância e da democracia, um bom caminho para exercitar o seu contrário. Misturado com a publicidade dada aos fatos políticos e a força – negativa – que tem uma idéia só, o mau encontro do fanatismo – político, religioso, tribal, ideológico – com a notícia e sua versão, atrai para o cenário da tragédia outra grande farsa: a interpretação benevolente, a absolvição seletiva dos envolvidos, a condenação condescendente, o luto publicitário da ONU e sua multilateral caricatura atual. A política, cada vez mais coisa dos políticos, não chama o fato pelo seu verdadeiro nome e seus fracassos só provocam dano em suas vitimas A liberdade e a democracia não são o motor das ações dos políticos paquistaneses, quenianos, chavistas e das Farc.
Sem o surgimento de uma reforma protestante no mundo islâmico, hereges continuarão a ser os que morrem, nunca os que matam. A reforma religiosa no Islã pode livrar a crença do peso das facções radicais e dos manipuladores da fé e etnias dos que matam e, explodem em martírio. Muito parecido com o uso político torpe do ódio tribal na África que sempre serviu ao colonialismo, antes externo, agora interno. Na Colômbia, todos sabem que o deposito de seqüestrados na selva, a mais antiga vergonha sul-americana, em nada se parece com a história do ETA ou do IRA. Dispondo como quer de reféns, o círculo fechado, sem virtude, serve para negócios. Lado sombrio das afinidades Chaves – Farc, astutamente monitoradas por Uribe e Sarkozy.
São cada vez maiores as questões e fatos fora de controle da autoridade nacional ou internacional. Suficientes para nos preocupar a todos. Mas diante do fanatismo e suas escaramuças melhor sempre desconfiar, como nos lembra La Boétie: ¨é um extremo infortúnio estar-se sujeito a um senhor, o qual nunca se pode certificar que seja bom , pois sempre está em seu poderio ser mau quando quiser¨. São instituições permanentes, circulação de poder, justiça independente, liberdade de crença e de opinião que confrontam os fanáticos e os detêm.
A combinação virtuosa de liberdade política, cultura da paz e prosperidade econômica produziu sociedades tão mais avançadas que, caminhar em sua direção, buscando a felicidade para todos é quase o oposto da ignorância. À hora da história não se ajusta à cabeça do fanático. A parte do mundo renovada que se salvou da barbárie e do primitivismo, o fez pela contaminação que a política recebeu do iluminismo, ciência e laicismo. Foi a cultura que iluminou o poder, a democracia o tornou mais justo. Nada parecido com o que produz o mau encontro da política com o fanatismo.
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