14 de dezembro de 2008

Ontem e tão distante

A evidência é um espetáculo que não deixa dúvidas. Por isso não são bons bombeiros os que pisam na mangueira. Onde está a incandescência da crise atual? Explicações, obsessões, exortações lembram mais o atrito das coisas, umas atrapalhando a compreensão das outras.
11 de janeiro de 2009

A Escolha

Quem é o culpado pela desventura da cidade? Quem a tornou tão feia? Na vida, às vezes, a esperança no futuro mascara a angústia do presente. Em boa hora tomam posse os novos prefeitos. Para o bem e para o mal, decidir é seu ofício.
8 de fevereiro de 2009

Sobre falências e falácias

O liberalismo financeiro não vê a vida da sociedade. O esquerdismo social não acredita na existência da economia. Abstração é o que convoca o sedentário Fórum Econômico de Davos e o nômade Fórum Social de Belém.
8 de março de 2009

Quem controla o presente

As pessoas não prestam muita atenção aos seus limites e dificuldades. Nem parecem dar muito valor a perda da utilidade de profissões, habilidades, formas de perseguir e conquistar colocações. Deixadas sós, acham-se no caminho das automelhorias corporais, gastronômicas, psíquicas.
12 de abril de 2009

Verdade conveniente

Dar pulo não faz o jovem mais alto. Embora o caminho da socialização e da integração comunitária da juventude, entre nós, ocorra mais pelo trabalho do que pelo estudo.
12 de julho de 2009

Evolução

Quem observa em perspectiva o andar da sociedade dificilmente nega que houve um crescimento da qualidade de vida nos quatro cantos do mundo. A afirmação dos valores humanistas segue se alastrando. E mesmo com reveses, o resultado até aqui é positivo.
9 de agosto de 2009

Jardineiros e caçadores

Em política não há mais como reencenar nenhum dos dias da sua criação. Foram-se os tempos das obras no farto tempo das carreiras. Adeus vocações diante do realismo dos cargos e posições.
13 de setembro de 2009

Um país admirado

Quando cheguei à penúltima página do Ensaio autobiográfico de Jorge Luiz Borges deparei-me com a citação acima e imaginei o autor falando do Brasil e sua maneira secular de enfrentar as coisas. O mundo, afinal, tem sido gentil com nossa improvisação.
11 de outubro de 2009

Fraude e responsabilidade

A violação do sigilo das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deixa lições no caminho promissor da crescente cultura da avaliação e responsabilização da vida educacional. Esforço de todos pela educação de todos, a ação da autoridade é parte inseparável dos níveis de qualidade que precisamos atingir.
8 de novembro de 2009

Muro Invisível

Um ano mais velha do que a queda do Muro de Berlim, a Constituição brasileira consagrou o Estado, ao contrário do que imaginávamos escrever. Vinte anos depois do fim da divisão da Alemanha, é seu lado leste, estatal, que não deixa saudades.
13 de dezembro de 2009

Honra ou proveito

O negócio profanou a honra do poder. A ousadia e a impunidade cresceram com esse destemor torto, sem norte, da autoridade. Os que têm vocação e vivem para a política, o bem comum, convivem com os que vivem da política para a manipulação de toda espécie - que ela franqueia a quem a isso se dedica.
10 de janeiro de 2010

Pedagogia do ódio

O relatório do secretário-geral das Nações Unidas sobre a situação dos direitos humanos, civis e políticos na República Islâmica do Irã registra especial preocupação com a questão da liberdade naquele país, chama a atenção para a violência e condena sua crescente evolução negativa.
14 de fevereiro de 2010

De que amanhã se trata?

Quanto mais luz mais sombra, alertava Nise da Silveira. São Bernardo, mil anos antes, dizia que de boas intenções o inferno estava cheio. São às vezes afoitas as maneiras de a política perceber a realidade ao querer transitar com desenvoltura pela alma da nação. Mesmo quando o objetivo é bom e as pessoas são de bem, como nesse caso, a opinião estatal sobre tudo é inimiga da temperança.
14 de março de 2010

A capital ferida

Cuidado! Se você continuar andando nessa direção vai acabar chegando lá, diz a patética sabedoria. Lembro-me, ainda, da sentença de Primo Levi: “A ascensão dos privilegiados em todas as sociedades é um fenômeno angustiante e fatal...e o poder o tolera e encoraja.” Vivemos outros tempos, outros motivos, mas eles estão sempre aí...privilegiados – “só ausentes nas utopias”.