3 de outubro de 2011
Com 1.500 línguas, a segunda população da Terra e intensa vida cultural, a África não é um acaso nem uma abstração. É um sonho vê-la sincronizada, com autonomia e identidade, ao tempo mundial.
1 de outubro de 2011
Intimidar os críticos é o ardil dos criticados.
Quando a ministra Eliana Calmon, corregedora nacional de Justiça, alertou para a impunidade dos juízes e criticou o corporativismo dos que querem restringir o poder de fiscalização do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), foi direto ao alvo: "Acho que isto é o primeiro caminho para a impunidade da magistratura, que hoje está com gravíssimo problema de infiltração de bandidos que estão escondidos atrás da toga."
26 de setembro de 2011
Um dos mais preciosos versos produzidos pela inesgotável guerra entre palestinos e judeus é do poeta israelense Yehuda Amichai: “do lugar de onde temos razão não nascem flores na primavera”. Ali do lado, o vigoroso poeta palestino Mahmoud Darwish compreendia que a natureza daquele conflito era a luta entre duas memórias que deviam se fazer conhecer e respeitar. E confirmava, através da altiva identidade dos seus versos, que a paz é melhor compreendida por poetas do que escrita por políticos.
18 de setembro de 2011
Os foguetes lançados pela Argentina contra seus inimigos na Guerra das Malvinas não chegavam ao seu destino. Fabricados pelos franceses, os mísseis Exocet tiveram seus códigos-fonte revelados aos ingleses, que os desviavam do alvo. É que, para ser completa, a manipulação do nacionalismo exige autonomia tecnológica e industrial. E também capacidade de perceber que, no comércio entre nações, a economia e a geopolítica do fabricante de qualquer mercadoria falam mais alto do que eventuais interesses de clientes secundários.
13 de setembro de 2011
A história é sempre mais dura do que parece para quem a viveu do que para quem escreve sobre ela. Mas a totalidade dos seus efeitos ultrapassa a compreensão humana imediata. Lembro-me bem da terça-feira, 11 de setembro de 2001. E cada vez mais vejo suas conseqüências por todos os lados.
5 de setembro de 2011
Quando José Alencar, então vice-presidente da República e ministro da Defesa, atravessou o primeiro corredor da gigantesca fábrica dos imponentes caças Sukhoi e viu extintores de incêndio vencidos, computadores ultrapassados e muita poeira, pegou no meu braço e sapecou: "Isso aqui tá pior do que a pior fábrica de móveis lá de Ubá".
Ironia síntese da decadência tecnológica e do abandono da economia do conhecimento, a competitividade soviética acabou imersa numa indústria mecânica fixada em guerra.
1 de setembro de 2011
Há um caderno em branco à espera das decisões da maioria dos juízes brasileiros, pronto para ser preenchido. Muitos não conseguirão escrever sua história nem contratando bons detetives ou especialistas em biografias. Todas as oscilações de personalidade (grandezas e fraquezas), consideradas normais em cidadãos comuns, quando se trata de um juiz, ficam estampadas na sua sentença. Especialmente se ele teme enfrentar privilegiados, pois sua decisão constitui-se sempre num recado da justiça sobre como deve ser a vida em sociedade.
28 de agosto de 2011
A Índia é movimento e multidão. Quando Anna Hazare, um senhor de 74 anos, foi preso por protestar contra as talhas e limitações contidas na lei anticorrupção, o verão em Nova Délhi esquentou mais ainda. Imediatamente, milhares de pessoas saíram às ruas para apoiar o líder. Querem que a lei, em discussão no parlamento indiano, seja alterada, para acabar com as exceções que livrariam políticos e magistrados de serem julgados. "Só é aceitável um forte Lokpal (escritório anticorrupção) de vasto alcance que possa julgar qualquer cidadão suspeito de práticas fraudulentas, sem importar cargo, poder ou condição social", advertiu, sem autopiedade, o ativista anticorrupção. O premiê indiano não aceita a forma escolhida por Hazare para protestar. "A greve de fome... é um caminho totalmente equivocado e carregado de consequências para a nossa democracia."
22 de agosto de 2011
Num longo processo de diferenciação a história segue ritmos e rumos diferentes para
diferentes povos. Algumas regiões a viveram intensamente, mas continuam primitivas no
usufruto de sua experiência.