Observando a vida cotidiana e política brasileira, sem ter a superioridade existencial de um Samuel Beckett da magistral descrição do escritor E. M. Cioran, nos Exercícios de Admiração, fico entre espantado e otimista. Diz o romeno a respeito do amigo irlandês: “O tempo que temos para passar na terra não é tão longo para que o utilizemos em outra coisa além de nós mesmos. Esta frase de um poeta se aplica a todo aquele que recusa o extrínseco, o acidente, o outro. A arte inigualável de ser ele mesmo. Coisa difícil de acreditar, e até monstruosa: não fala mal de ninguém, ignora a função higiênica da malevolência. Nunca o ouvi difamar amigos nem inimigos.